segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O mito da descida da Deusa


O Mito da descida da Deusa

Dea, nossa dama e deusa, decidiu resolver todos os mistérios, até mesmo os mistérios da morte. Sendo assim, ela partiu em direção ao submundo em sua barca, pelo sagrado Rio da Descida. Em seguida ela se deparou com o primeiro dos sete portais do submundo. E seu guardião desafiou-a, exigindo uma de suas vestimentas para que passasse, pois nada pode ser recebido, a não ser que nada seja dado em troca. E em cada um dos portais foi exigido que a Deusa pagasse por sua passagem, pois os guardiães assim lhe diziam: “Despoja-te de tuas vestimentas e livra-te de tuas jóias, pois nada que traga consigo entrará em nosso reino.

Desta forma, Dea entregou suas jóias e suas vestimentas para os guardiães, e foi levada como um ser vivo que busca o seu ingresso no Reino dos Mortos e dos poderosos. No primeiro portal ela deixou o seu cetro, no segundo a sua coroa, no terceiro o seu colar, no quarto o seu anel, no quinto a sua guirlanda, no sexto as suas sandálias e no sétimo o seu vestido. Dea ficou nua e foi apresentada diante de Dis, e a sua beleza era tanta que ele mesmo ajoelhou-se quando ela entrou. Colocando a sua espada e a sua coroa aos pés dela, ele disse: “Abençoados são os teus pés, que lhe trouxeram aqui, a este caminho”. Ergueu-se em seguida e disse a Dea: “eu lhe imploro que fique comigo, e receba o meu toque em seu coração.”

E Dea respondeu a Dis: “Mas eu não amo você, porque faz com que todas as coisas que Eu amo e com as quais tenho prazer, venham a fenecer e morrer?”

“Minha senhora”, respondeu Dis, “é contra a idade e o destino que falas; não tenho esse poder, pois a idade faz com que tudo venha a perecer, mas quando os homens morrem no fim de suas existências, Eu lhes dou o descanso, a paz e a força. Durante algum tempo eles habitam com a Lua, e com os espíritos lunares; depois eles podem retornar ao reino dos vivos. No entanto, és tão adorável que lhe peço para que não retornes, mas que viva aqui comigo.”A isto ela respondeu: “Não, pois não amo você.” Então Dis falou: “Se você recusa a me abraçar, então deve te prostar diante do açoite da morte.” A Deusa respondeu: “ Se é assim, que assim seja, tanto melhor!” Dea então se ajoelhou em submissão diante da mão da morte, e esta açoitou-a tão levemente que ela gritou: “ Reconheço a tua dor, a dor do amor.”

Dis ergueu-s e disse: “Tu és abençoada, minha Rainha e minha Dama. Em seguida, ele deu os cinco beijos da iniciação, dizendo: “Somente assim poderá ambicionar a sabedoria e o prazer.”

E assim sendo, ele ensinou-lhe todos os seus mistérios, e lhe deu o colar que é o círculo do renascimento. E ela transmitiu-lhe todos os seus mistérios do Cálice sagrado que é o Caldeirão do renascimento. Eles se amaram e se uniram um ao outro, e por um período Dea habitou no reino de Dis.

Desta forma, três são os mistérios na vida do homem: o Sexo, o Nascimento e a Morte ( e o amor controla todos eles). Para obter o amor, devemos voltarão mesmo tempo e local dos que antes se amaram ( ou se amam). E devemos encontrar, reconhecer e lembrar, assim como amá-los novamente. No entanto, para que possamos renascer, devemos morrer e estar preparados para um novo corpo. E para morrer, devemos nascer, mas sem o amor não poderemos nascer entre outros semelhantes.

Sendo assim, a nossa Deusa tende a favorecer o amor, a alegria e o prazer. Ela protege e cuida de seus filhos ocultos, tanto nessa vida quanto na próxima. Na morte, ela revela o caminho que conduz à comunhão com ela, e na vida ela nos ensina a magia do mistério do Círculo ( que existe entre os mundos dos homens e dos Deuses).

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