Em uma aldeia de Chiricahua, reinava a paz e a harmonia. Ali os índios viviam em perfeita união. Trabalhavam, plantavam, pescavam e tudo para eles era motivo de festa; seguiam a risco às suas leis.
Suas índias quando nasciam já eram prometidas ao filho mais velho de cada chefe de família. E assim, quando cresciam sua sorte já estava traçada e nada poderiam fazer. Cresciam com naturalidade e casavam-se muito cedo, aos 15 anos.
Em uma manhã ensolarada, céu de nuvens muito azuis, nasceu Janaína; Uma linda indiazinha. Para ela seu destino estava traçado, teria que se casar com Ubiraci o filho mais velho do pajé.
Janaína foi crescendo juntamente com um menino de sua idade. Eles eram inseparáveis, sempre juntos a brincar. O nome dele era Jaci, um indiozinho bastante esperto e valente.
Passados alguns anos...
Pela manhã, logo cedinho, Janaína ouviu chamar seu nome:
_ Janaína, Janaína, venha!
Janaína saiu de sua tenda e encontrou Jaci a sua porta, todo alegre e sorridente!
_ O que foi Jaci? Por que toda esta alegria?
_ Venha, Janaína! Quero mostrar-lhe algo!
_ O que é? Diga-me logo?
_ Não, venha, ver! Esperei muito por este momento!
SAÍRAM ENTÃO OS DOIS CORRENDO E FORAM ATÉ ÁS MARGENS DE UM LAGO.
_ Vamos logo com isto, diga-me por que me trouxe aqui?
Jaci, com os olhos cheios de ternura, a pegou em sua mão, levou-a até uma bela árvore e lá estava, o seu tesouro!
Ali crescia com uma cor magnífica um lindo pé de Manacá!
_ Janaína, aqui está o meu tesouro!
_ Plantei para você e cuidei dela até que ela se tornasse uma árvore, tão formosa como você.
_ Hoje, ela floriu e está toda perfumada!
_ Respira fundo! Sinta o seu perfume!
_ Que linda! Obrigada, Jaci! Por que me fizeste segredo, nunca me contou sobre ela?
_ Porque queria lhe fazer uma surpresa e jurei a mim mesmo que quando ela florescesse, eu abriria meu coração a você.
_ O que você quer dizer com isto, Jaci?
_ Janaína, estamos já nos tornando um homem e uma mulher e todos estes anos, sentia crescer em mim um amor muito grande, um amor infinito. Não a via como uma irmã, eu a via como esta linda flor de manacá em meu coração.
Assustada, Janaína escondeu o seu rosto com suas mãos e começou a chorar. Jaci ficou surpreso, não esperava por esta reação.
_ O que foi Janaína, você não gostou? O que fiz de errado, diga-me, por que choras assim? Eu a magoei?
Janaína entre soluços e com seus olhos encharcados de lágrimas respondeu:
_ Não Jaci, não é isto! Você não me magoou e sim me fez muito feliz. Meu coração também se enche de alegria por você. Não o vejo como meu amigo e sim como o homem que dei o meu coração, mas tudo isto é uma loucura, não podemos, você se esqueceu do Ubiraci que sou sua prometida!
_ Não, não me esqueci! Todos estes anos venho sofrendo, coração torturado, com medo de que você não correspondesse ao meu amor e se casasse com Ubiraci.
_ Como o odeio!
_ Não fale assim Jaci, Ubiraci também não tem culpa. Nossos pais assim o quiseram e são assim as nossas leis.
Jaci então, tomou-a em seus braços e com um longo e apaixonado beijo se uniram. Seus corpos se entrelaçaram e na relva verde e sombria se deitaram.
Quando deram por si, a noite já havia caído e Janaína em desespero pôs-se a correr.
Jaci a seguiu até a aldeia.
Passado-se alguns dias comemorava-se o aniversário de Janaína, os seus 15 anos.
Ubiraci todo garboso esperava por sua prometida. Quantos anos de espera!
A aldeia estava
Janaína já vestida conforme a tradição encontrava-se com o coração aflito e com seus olhos marejados de lágrimas.
Jaci a contemplava com o coração
O Pajé fez um sinal com a mão. E todos se calaram.
É chegado o momento tão esperado.
Ubiraci postou-se ao lado de seu pai e procurou com os olhos a sua amada.
"Onde estaria ela? Por que não estava no lugar que deveria estar"? Começou então a procura de Janaína. Não encontrou-a em nenhum lugar da aldeia.
Jaci havia desaparecido também. Passaram à noite toda a procura dos dois.
_Oh! Meu amigo! Que tristeza! Perdi o meu amor para sempre!
Janaína, Jaci e seu Manacá estavam paralisados. Seus corpos estavam sem vida, como também aquela bela árvore. Haviam virado estátuas.
Tupi muito assustado com o que via disse:
_ Ubiraci, o que está acontecendo?
Ubiraci com lágrimas nos olhos e engasgado pela emoção, não pode responder.
E lá, bem no alto, no meio das nuvens, num céu muito azul, dois anjos felizes volavam, volavam e estavam tão enamorados que não perceberam que estavam voando e que haviam virado serafins. Eram Janaína e Jaci.
As fadas Cairé(lua cheia)e Catiti(lua nova), as deusas indígenas do amor, com suas varinhas mágicas, transformaram os seus corpos em estátuas e suas almas em anjos, tudo em nome do amor, para que eles pudessem vivê-lo em paz.
Assim Janaína e Jaci foram felizes e de uma lágrima que caiu dos olhos de Janaína, nasceu um outro lindo pé de Manacá!
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