terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Façanhas da Adolescência de CuChlainn


Certo dia, Sualtam e Dechtire falaram ao seu filho acerca dos famosos rapazes de Emuin Machae, que Conchabar via jogar quando ele próprio não jogava ou bebia a caminho da cama. CuChulainn perguntou a Dechtire se podia ir ver os rapazes.
- "Deves esperar até que um guerreiro de Ulster possa ir contigo." respondeu-lhe.
- "Quero ir agora." disse CuChulainn.
- "Que caminho devo seguir?"
- "Vai para norte." respondeu a sua mãe, "mas toma muito cuidado, pois o caminho esta cheio de perigos."
- "De qualquer maneira, irei." disse CuChulainn, tendo partido com as suas armas de brinquedo, uma minúscula espada e um escudo; levou também o seu aléu (parecido com o taco) e a bola, esperando poder jogar com os rapazes de Emuin Machae.
Em Emuin dirigiu-se diretamente para o campo de jogos, sem ter pedido primeiro a proteção dos outros jogadores. Os rapazes ficaram furiosos perante esta falta de cortesia, pois toda as pessoas conheciam as regras de comportamento no campo de jogos.
Disseram-lhe para sair do campo e arremessaram-lhe cento e cinqüenta; cada uma delas ficou cravada no minúsculo escudo de CuChulainn. Lançaram-lhe, violentamente cento e cinqüenta bolas, cada uma das quais ele recebeu no peito. Atiraram-lhe depois cento e cinqüenta aléus, mas ele apanhou-os todos.
CuChulainn estava furioso os cabelos puseram-se em pé e os olhos faiscaram de tanta raiva. Um dos olhos fechou-se até ficar do tamanho do fundo de uma agulha, enquanto o outro se abriu no tamanho de uma tigela. O grande jovem guerreiro perdeu a cabeça.
O rei Conchobar estava jogando xadrez quando nove dos rapazes fugiram com CuChulainn a persegui-los ardorosamente. Cinqüenta já estavam fora da contenda, prostrados onde ele os abatera. "Isto não e desporto", gritou Conchobar.
- "São eles os maus desportistas," respondeu CuChulainn. "Pois eu queria juntar-me aos seus jogos e eles tentaram expulsar-me do campo."
- "Como te chamas?" perguntou Conchobar.
- "Chamo-me Setanta, filho de Sualtam e da tua irma Dechtire."
- "Por que razão," perguntou Conchobar "não pediste proteção aos outros jogadores?"
- "Não me ensinaram as regras." respondeu CuChulainn.
- "Então, aceitaras a proteção do teu tio?" perguntou Conchobar.
- "Aceitarei," disse CuChulainn, "mas uma coisa vos peço, que me seja permitido encarregar-me da proteção dos depois cento e cinqüenta rapazes." Conchobar concordou e todos eles safaram-se do campo de jogos. Os rapazes que CuChulainn prostrara levantaram-se a vista do seu novo herói.
Pouco depois do episódio do campo de jogos, relatado por Fergus, CuChulainn viu-se envolvido em outras aventuras ainda mais heróicas.
Culaan, o ferreiro, convindou Conchobar para uma festa. Apenas alguns podiam acompanhar o rei do Ulster, pois o ferreiro tinha apenas a riqueza proporcionada pelas suas mãos tenazes. Portanto, só os cinqüenta campeões favoritos mais velhos puderam acompanhar Conchobar. Antes de deixar Emuin, o rei fez uma visita ao campo de jogos para se despedir dos rapazes.
CuChulainn estava sozinho a jogar contra os cento e cinqüenta rapazes, e estava ganhando. Quando eles tentavam atingir o objetivo com as suas bolas, CuChulainn defendia e parava cada uma delas. Depois, na luta greco-romana, levou-os ao chão; além disso, todos os cento e cinqüenta rapazes não conseguiram dominá-lo.
Conchobar ficou admirado perante as façanhas de seu sobrinho e perguntou aos seus homens se CuChulainn viria a tornar-se um grande guerreiro e a realizar atos heróicos semelhantes e todos eles concordaram que assim seria. "Vem conosco para a festa de Culaan", disse Conchobar.
- "Vou terminar os jogos" respondeu CuChulainn, "e seguirei depois."
Na festa, Culaan, o ferreiro, perguntou ao seu real convidado se estavam todos presentes. "Sim", respondeu Conchobar, esquecendo do seu sobrinho, "e estamos prontos para comer e beber."
- "Bem, então", disse o ferreiro "vamos fechar as portas e divertir-nos, o meu cão guardara o gado que está nos campos. Nenhum homem lhe escapará, pais são necessárias três correntes para prendê-lo, e três homens para cada corrente."
Entretanto, a rapaz estava a caminho da festa e para se divertir ia atirando a bola ao ar e em seguida acertava-lhe com aléu, também atirava a sua lança para a frente e corria para a apanhar antes que tombasse no chão.
Quando entrou no pátio de Culaan, o ferreiro, o cão avançou em sua direção. A agitação foi ouvida por Conchobar e seus homens, que viram pelas janelas como CuChulainn lutava com a cão de mãos vazias. Agarrou-o pela garganta e pelas costas e fé em bocados contra uma coluna.
CuChulainn foi convidado a entrar. "Estou contente par atenção a tua mãe", disse Culaan, "pelo fato de estares vivo. Mas aquele cão protegia todos os meus haveres, e agora tenho que substituí-lo."
- "Não se preocupe," disse CuChulainn, "criarei para si um cachorro da mesma raça, e até que ele esteja suficientemente grande para guardar a sua propriedade, eu próprio serei a seu cão de guarda."
- "Então, CuChulainn, a partir de agora passaremos a chamar-te, "O Cão de Caça de Culaan", disse Conall.
- "Tais foram às proezas de um rapaz de seis anos." disse Conall. "Que enormes façanhas podemos esperar agora dele com os seus dezessete anos?"

O Nascimento de CuChulainn


No tempo em que Conchobar era rei do Ulster, nome dado a uma das quatro províncias históricas da Irlanda, seus capitães viram um bando de aves que se alimentavam das ervas da planície junto de Emuin Machae. Os guerreiros eram caçadores de aves e partiram nos seus carros perseguindo-as até onde quer que elas pudessem levar.

Dechtire tomou as rédeas do carro do seu irmão, o rei Conchobar e mais nove carros, partiram pela planície atrás das aves. Uma corrente de prata ligava as aves aos pares, e estas voavam e cantavam tão bem que os homens do Ulster se sentiam encantados.

Logo o entardecer aproximava-se e os homens procuraram um abrigo, pois estava a nevar. Foram bem recebidos numa cabana por um homem que lhes deu de comer e de beber, e, ao cair da noite, os homens do Ulster estavam bem ale­gres. O seu hospedeiro anunciou que a sua mulher estava prestes a dar a luz e pediu a Dechtire para ajudar. Os ho­mens trouxeram um par de potros da neve, e ofereceram ao menino que Dechtire estava a acariciar.

Na manhã seguinte, os homens des­pertaram e viram apenas o menino e os seus potros, pois as estranhas aves e a cabana tinham desaparecido; estavam exatamente a leste de Bruig. Regressa­ram a Emuin Machae, onde o rapaz cresceu e depois de alguns anos adoeceu e repentinamente e veio a falecer. Dechtire chorou amargamente a morte do seu filho adotivo. Então, pediu água e foi­-lhe dada uma tigela de cobre, mas sem­pre que a levava aos lábios uma pe­quena criatura saltava da água para a sua boca, nada vendo cada vez que olhava para a tigela.

Certo dia, o sono de Dechtire foi interrompido por um sonho do homem numa casa-fantasma. Ele disse que seu nome era Lugh, filho de Ethniu, que a tinha atraído

a casa e que ela era agora portadora da semente do seu filho: o menino iria chamar-se Setenta (CuChulainn, pronuncia-se Cu-hu-lim) e receberia os dois potros que só a ele estavam destinados.

Quando os homens de Ulster viram que Dechtire estava com a criança, perguntaram se o pai poderia ser o próprio Conchobar, pois o irmão e a irmã dormiam lado a lado. Mas, o rei livrou-se do embaraço, prometendo a sua irmã em casamento a Sualtam, filho de Roech.

No entanto, Dechtire sentia-se mortificada por ter que dormir com seu esposo, quando já trazia dentro si o filho de outro homem. Assim, numa noite que estava só, esmagou o bebê que tinha no ventre. Logo em seguida Dechtire engravidou de novo e nasceu CuChulainn, o filho de Sualtam.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A lenda das Amazonas no Brasil


Em torno de 400 a 600 anos atrás, existiu na região Amazônica, próximo às cabeceiras do rio Jamundá, um reino formado somente de mulheres guerreiras, conhecidas como Icamiabas, isto é, mulheres sem homens ou ainda mulheres sem maridos e, uma terceira interpretação, mulheres escondidas dos homens.. Mas há outra designação, também encontrada no rico folclore sobre elas, que as chama de Cunhã-teco-ima, o que quer dizer mulheres à margem da lei ou sem lei.

Elas viviam completamente isoladas, só mantendo contatos esporádicos com homens.

Em certas épocas do ano estas mulheres belas e guerreiras celebravam suas vitórias sobre o sexo oposto. Neste dia, uma grande festividade era organizada e elas desciam do monte onde viviam até o lago sagrado denominado "Yaci Uarua" (Espelho da Lua).

Durante à noite, quando a Lua deitava sobre o espelho da água, as Amazonas mergulhavam nela com seus corpos fortes e morenos. Após este ritual de purificação e limpeza, estas deusas da Lua clamavam pela Mãe do Muiraquitã. Os estudiosos folcloristas identificaram esta entidade como uma fada, mas ela também cabe na classificação de Grande Mãe das Pedras Verdes. Era ela que entregava a cada uma daquelas mulheres uma pedra da cor verde (jade), denominada de "Muiraquitã", onde encontravam-se esculpidos estranhos símbolos. Receberiam-nos ainda moles, porém, logo que saíam da água eles endureciam. Segundo os índios Uaboí, os amuletos eram vivos e para apanhá-los, as índias feriam-se e deixavam cair uma gota de sangue sobre o tipo que queriam. Isso feito, o animal morria e elas se atiravam na água para buscá-los.

Cada nativa trazia em seu pescoço seu talismã propiciatório de proteção material e espiritual. Mas elas também os presenteavam àqueles que seriam os futuros pais de seus filhos. Estes homens eram selecionados para fecundá-las e depois eram mantidas vivas as meninas, que mantinham a continuidade da casta matriarcal das mulheres guerreiras.

As Amazonas foram vistas pela primeira vez pelo padre espanhol Gaspar de Carvajal, cronista da expedição de Francisco de Orellana. Tal encontro ocorreu no lugar exato onde o rio Negro encontra-se com o Amazonas e não foi muito atraente a estada para estes exploradores. Ao chegarem a aldeia das índias, constataram que no centro de uma praça erigia-se um ídolo, que era o símbolo de uma poderosa Senhora, Rainha de uma grande nação de mulheres guerreiras. Uma dúzia de guerreiras investiram contra os espanhóis e tiraram a vida de vários indígenas que os acompanhavam. Carvajal as descrevia como sendo mulheres altas, belas, fortes, de longos cabelos negros, tez clara e que andavam totalmente despidas, com arcos e flechas e guerreavam como dez índios.

Esta descrição nos remete à um coração de uma caçadora também solitária, Ártemis. Estas mulheres índias representam o arquétipo mais puro e primitivo da feminilidade. Foram deusas nativas que santificavam a solidão, a vida natural e primitiva a qual todos nós podemos retornar quando acharmos necessário a busca de nós mesmos. Como Ártemis, elas possuem um amor intenso pela liberdade, pela independência e pela autonomia. Um amor que pode transparecer como agressão, pois elas sempre irão lutar para preservar sua liberdade.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Brighid


“Brighid do cabelo entrelaçado, Brigit dos mantos,
Brigit das Fontes, Brigit dos bardos,
Chama da inspiração,

Deixa que me aproxime de ti
através da bruma,
através do Fogo,
através das plantas,
através das Fontes proFundas e abundantes.
Deixa-me ser, por ti, triplamente honrado(a),

com ideias, visões, palavras.
Simples melodia que penetra nos ouvidos.
Traz a chama da inspiração para o meu coração,

Para o meu corpo e para a minha mente.

Para que eu possa louvar com habilidade.”